segunda-feira, 23 de julho de 2012

CHARLES AZNAVOUR

 


Grande nome da música francesa que marcou o cenário da música mundial nas décadas de sessenta e setenta, o ator, cantor e compositor francês Charles Aznavour, hoje com 88 anos, já compôs mais de 800 canções e já vendeu mais de 100 milhões de discos. Se ele ainda canta? Fica a dúvida, porque ele vive anunciando se aposentar, mas volta atrás. Em 2006, o cantor iniciou turnê mundial de despedida, inclusive esteve em Brasília em 2008, mas não se sabe ao certo se ele realmente pendurou o microfone.

O repertório musical de Aznavour se destaca pela melancolia e saudosismo, falando, principalmente, do amor e da vida. Sobre o amor, ele compôs Tous les Visages de L´amour, uma de suas composições mais conhecidas internacionalmente, que foi gravada em inglês por ele mesmo e recebeu o nome de She. Mais tarde,  She ganhou projeção mundial ao ser escolhida para compor  a trilha sonora do filme Um Lugar Chamado Notting Hill, dessa vez na voz de Elvis Costello.

Em relação à temática da vida, Aznavour a aborda sob o ponto de vista da saudade e da passagem do tempo, ocasiões em que se mostrou ainda mais melancólico; pelo menos, observamos essa postura nas suas mais famosas canções: Hier Encore, La Bohème, Emménez-Moi, Il faut Savoir, Que C'est Triste Venise. O engraçado é que a voz envolvente e a cara de cachorro sem dono do cantor harmonizam-se com o tom triste de suas composições, conjunto que nos deixa ainda mais meditativos ao ouvi-las.

 A que eu mais gosto dele é Hier Encore, produto da parceria com George Garvarentz. Aliás, de todas as músicas que conheço, essa é uma das minhas preferidas. Melodia e letra belíssimas. A letra fala do tempo perdido na juventude, das escolhas erradas e das conseqüências dessas escolhas. Segue o vídeo. Logo abaixo vão a letra e tradução. Aproveitem.



HIER ENCORE
Hier encore, j'avais vingt ans
Je caressais le temps et jouais de la vie
Comme on joue de l'amour
Et je vivais la nuit
Sans compter sur mes jours qui fuyaient dans le temps
J'ai fait tant de projets qui sont restés en l'air
J'ai fondé tant d'espoirs qui se sont envolés
Que je reste perdu ne sachant où aller
Les yeux cherchant le ciel mais le coeur mis en terre

Hier encore j'avais vingt ans
Je gaspillais le temps en croyant l'arrêter
et pour le retenir, même le devancer
Je n'ai fait que courir et me suis essouflé
Ignorant le passé, conjuguant au futur
Je précédais de moi toute conversation
et donnais mon avis que je voulais le bon
Pour critiquer le monde avec désinvolture

Hier encore j'avais vingt ans
Mais j'ai perdu mon temps à faire des folies
Qui ne me laissent au fond rien de vraiment précis
Que quelques rides au front et la peur de l'ennui
Car mes amours sont mortes avant que d'exister
Mes amis sont partis et ne reviendront pas
Par ma faute j'ai fait le vide autour de moi
Et j'ai gaché ma vie et mes jeunes années
Du meilleur et du pire en jettant le meilleur
J'ai figé mes sourires et j'ai glacé mes peurs
Ou sont-ils à present, à present mes vingts ans?


Ainda Ontem

Ontem ainda , Eu tinha vinte anos
Acariciava o tempo e brincava de viver
Como se brinca com o amor
E vivia a noite
Sem considerar meus dias que escorriam no tempo
Eu fiz tantos projetos que ficaram no ar
Alimentei tantas esperanças que bateram asas
Que permaneço perdido sem saber aonde ir
Os olhos procurando o céu mas, o coração posto na terra

Ontem ainda eu tinha vinte anos
Desperdiçava o tempo acreditando que o fazia parar
E para retê-lo, e até ultrapassá-lo
Eu só fiz correr e perdi meu fôlego
Ignorando o passado, que conduz ao futuro
Eu precedia de mim qualquer conversação
E opinava que eu queria o melhor
Para criticar o mundo com desenvoltura

Ontem ainda eu tinha vinte anos
Mas perdi meu tempo a cometer loucuras
Que não me deixa, no fundo nada de realmente concreto
Além de algumas rugas na fronte e o medo do tédio
Porque meus amores morreram antes de existir
Meus amigos partiram e não mais retornarão
Por minha culpa eu criei o vazio em torno de mim
E gastei minha vida e meus anos de juventude
Do melhor e do pior descartando o melhor
Imobilizei meus sorrisos e congelei meus choros
Onde estão no presente, meus vinte anos?

Um comentário: