quarta-feira, 22 de agosto de 2012

KAMCHATKA


Depois do Um conto chinês, o blog traz hoje mais uma produção do cinema argentino, que ostenta esse nome esquisito aí do título da postagem. O filme é dirigido por Marcelo Piñeyro, e o roteiro é assinado por Marcelo Filgueira e pelo próprio diretor. Elenco: Matías del Pozo, Cecilia Roth, Hector Alterio e...? Ganha uma Kamchatka quem acertar o outro protagonista (sem pesquisar no google, nem olhar a capa acima, hein!!) Pistas? A primeira é que se trata de uma película argentina, e ele tem aparecido em quase todas importantes nos últimos anos. Com essa já dava para matar, mas aí vão mais algumas dicas: ator extremamente talentoso, moreno, olhos verdes, narigudo, também protagonizou Um conto chinês.  Ficou mole! Sim, Isso mesmo!! Ricardo Darín. Como todo mundo acertou, e só tenho um exemplar do prêmio, não vou dar para ninguém.

Provavelmente, o leitor está se perguntado: "Que raios é Kamchatka?" Já adianto que não poderia servir como prêmio; não nessa minha brincadeira. Então, alguém arrisca: "seria a gíria argentina equivalente ao nosso Tchaka Tchaka na Mutchaka?" Não, não é um filme erótico. E outro chuta: "seria uma posição do Kama Sutra?" Pô!! já disse que não é um filme erótico!! Um terceiro dá o seu palpite: "talvez seja a saudação de algum povoado numa região remota no norte da Lituânia". Parece bem convincente, mas também não é isso. Aí, antes da minha resposta, surge um chato ou chata e, arrotando conhecimento, discorre com toda a propriedade: "Kamchatka, Camecháteca ou Camchaca (em russo: полуо́стров Камча́тка) é uma enorme península com cerca de 1250 km de extensão, localizada na região oriental da Rússia, e cujo ponto mais elevado é o Klyuchevskaya Sopka. Fica a leste do Mar de Okhotsk e Golfo de Shelikhov." Pô!! Parabéns, meu amigo ou amiga...!!! Parabéns pela sua habilidade em decorar textos do Wikipédia!! (Mas quem é que não recorre ao Wikipédia? De onde você acha que tirei isso? Mas lhe asseguro que fiz a devida checagem das informações)

"Ok! Já sei o que é Kamchatka, mas o que a tal península tem a ver com o filme? Pensei que a história se passava na Argentina?" questiona mais alguém. E se passa, mas não vou dizer, de jeito nenhum, qual a relação entre essa região russa e essa obra cinematográfica, vai ter que assistir a toda ela ou buscar no google. Sugiro a primeira alternativa, pois é um bom filme. Agora, mesmo que tenha se aguentado e tenha pesquisado na internet para matar a curiosidade, veja-o assim mesmo; vale a pena.

Os acontecimentos são apresentados sob a ótica do menino Harry (Matías del Pozo), de dez anos de idade, que tem o seu cotidiano totalmente alterado pela necessidade de fuga dos pais (Ricardo Darín e Cecilia Roth), que estão sendo perseguidos pela ditatura militar que governa a Argentina na década de 70. O destino da família (os pais, Harry e o irmão) é uma fazenda abandonada, onde vai se passar quase toda a trama.

Não sei se por ser pai de dois meninos e, por isso, estar mais sensível a qualquer drama envolvendo crianças, achei Kamchatka muito triste. Não é uma tristeza escancarada, mas sutil; por vezes, sugerida. O filme não apresenta situações fortes para chocar e comover. Não vemos cenas de captura, prisão, perseguição, tortura; nada nesse sentido.  O terror da ditadura só é abordado de forma indireta. Ainda assim, devido à habilidade do diretor, ao competente texto e às excelentes atuação de Darín e Roth, a angústia e tristeza estão presentes em boa parte do filme.

Mas Kamchatka não é só triste, também é bonito. Cenas da família reunida, do romantismo do casal,  da amizade entre os irmãos, do cuidado do mais velho em relação ao mais novo, são todas bem tocantes. Os momentos de adversidade, em vários casos,  promovem situações de união e nos fazem enxergar a importância dos nossos amados, o que, muitas vezes, ignoramos quando a situação encontra-se estável. Creio que, além de muitas outras, talvez seja essa uma das valiosas mensagens do filme.

Assistam!


Trailer (não achei um legendado)



Um comentário:

  1. bom filme, nos faz pensar sobre a importância de estar sempre com quem amamos, pois essa convivência um dia pode acabar...

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