quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

KAFKA - UM ARTISTA DA FOME


Sombrio, denso, triste, perturbador, enigmático, genial. Todos esses adjetivos e outras mais cabem perfeitamente ao grande escritor tcheco Franz Kafka, que viveu entre 1883 e 1924.  Foi a primeira vez que li contos de Kafka, já tinha lido um romance (O Castelo) e uma novela (A Metamorfose), duas excelentes obras por sinal; agora, contos ainda não. Nesse livro, encontramos os contos: Primeira Dor, Uma Pequena Mulher, Um Artista da Fome, Josefine, a Cantora ou O Povo dos Ratos, Um artista da fome; e também a novela Na Colônia Penal.

Nessas obras, Kafka segue a mesma linha de O Castelo e A Metamorfose: dá mais ênfase às reflexões do que propriamente ao enredo. Não é um autor de grandes surpresas, reviravoltas, enigmas em suas tramas. (Só para esclarecer uma possível contradição: quando, lá em cima, eu disse que ele é enigmático, refiro-me aos seus personagens e mensagens). Em Uma Pequena Mulher e Josefine, a Cantora, por exemplo, quase não há história, mas sobram ricas e profundas reflexões.

Não quero dizer com isso que seus enredos seja ruins, primários, fáceis; de jeito nenhum. Ele é muito criativo ao imaginar personagens e fatos, as histórias são envolventes, mas a trama em si não é o que mais chama atenção em seus livros. A sua maior virtude, o seu diferencial, é a descrição das situações, da realidade de seu tempo, dos conflitos e sentimentos do ser humano; e ele o faz de forma dura, fria, pungente.  Em Um Artista da Fome, de tão bem escrito, praticamente sentimos a angústia do personagem. Para mim, esse é o melhor conto do livro.

Destaco também Primeira Dor e Na Colônia Penal. Essa novela até apresenta um pequena reviravolta na trama, contrariando um pouco o que escrevi antes. Não gostei tanto dos outros dois contos: Uma Pequena Mulher e Josefine, a Cantora. O problema não foi a ausência de enredo dessas duas obras. A dificuldade que vi foi sua leitura confusa e difícil de acompanhar; a narrativa não se desenvolve, pois o autor pisa e repisa, destrincha e estica o tema em discussão; eu tinha que voltar a toda hora para não perder o encadeamento das ideias. De qualquer maneira, vale a pena os ler, pois Kafka, numa abordagem diferente e brilhante, coloca em discussão questões interessantes.

Fica a dica! Até mais!






Nenhum comentário:

Postar um comentário