terça-feira, 31 de dezembro de 2013

LISTA PARA 2014

A pedidos, voltei hoje rapidinho só para compartilhar aqui a postagem que coloquei no Facebook ontem. Segue:

Já fiz uma lista de livros e filmes para comentar no blog ano que vem. Quanto aos livros, quero reler alguns clássicos da literatura, ler outros clássicos pela primeira vez e prestigiar ainda algumas obras nacionais contemporâneas que ganharam prêmios em 2013. Quanto aos filmes, quero rever alguns clássicos e ver os que ganharem prêmios em 2014 (Globo de Ouro, Oscar, Gramado, Cannes, Berlim e outros). São doze de cada tipo de arte, o que dá a média de um filme e um livro por mês. Esse é o mínimo. Vamos ver se consigo cumprir a meta. rsrsrs.

Livros:
*Clássicos
- Crime e Castigo (Dostoiésvki) (reler)
- Dom Quixote (Cervantes) (reler)
- Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado) (reler)
- O Castelo (Kafka) (reler)
- Madame Bovary (Flaubert)
- Anna Karenina (Tolstói)
- Ulisses (Joyce)
- Mulheres Apaixonadas (Lawrence)
*Nacionais premiados
- Barba Ensopada de Sangue (Daniel Galera) - Prêmio São Paulo
- O Sonâmbulo Amador (José Luiz Passos) - Prêmio Portugal Telecom
- O Mendigo que Sabia de Cor os Adágios de Erasmo de Rotterdam (Evandro Affonso Ferreira) - Prêmio Jabuti
- Diário da Queda (Michel Laub) - Copa de Literatura

Filmes
- Nós Que Nos Amávamos Tanto (rever)
- Dançando no Escuro (rever)
- A Comilança (rever)
- O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (rever)
- Cidadão Kane (rever)
- Abril Despedaçado (rever)
- E mais seis ganhadores de prêmios importantes em 2014.

E "vamu que vamu!"

Bom início de ano a todos e todas!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

MESTRES DO RENASCIMENTO





Na postagem de hoje, vou apenas deixar uma dica sobre uma atividade cultural; não vou dar a minha impressão sobre ela, simplesmente porque não a prestigiei e não sei se terei tempo de fazê-lo, pois o evento se encerra daqui a alguns dias, mais precisamente no dia 5 de janeiro. Trata-se da exposição Mestres do Renascimento - Obras-Primas Italianas, que tem lugar no CCBB. Lá podemos ver obras de Michelangelo, Rafael, Leonardo da Vinci, Boticelli, entre outros. E gratuitamente! Estive no local na sexta-feira passada, mas a fila estava bem grande, e, com duas crianças pequenas, ficou inviável esperar. Vamos ver se conseguimos outra data para prestigiar a mostra. Se eu conseguir ver os quadros, volto ao blog para comentar. Pelo que li sobre a exposição, vale muito a pena visitá-la. Então, programa-se. 

Segue o link do site para quem quiser saber mais informações.

http://www.renascimentonoccbb.com.br/

Bem, essa é a última postagem do ano e, caso não veja mostra acima, só voltarei em fevereiro. Desejo a todos e todas um bom início de ano.

Até logo!




sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

INTOCÁVEIS



É sempre bom ter uma boa opção de filme para um fim de semana, ainda mais em época de chuva. Vou indicar um de que gostei bastante: Intocáveis. Essa produção foi um grande sucesso de público no seu país de orgiem, França, e aqui no Brasil também não fez feio, considerando o fato de que não é um filme propriamente comercial, de apelo ao grande público, apesar de não ser uma obra do tipo "cabeça."

Intocáveis é uma comédia que conta a história da relação de amizade improvável entre um senhor tetraplégico milionário, requintado, educado e fino, e um jovem pobre, agressivo, inculto, folgado. Mesmo havendo tantas diferenças entre eles, os dois acabam se dando bem. E como eles se conheceram? Driss, o sujeito pobre e inculto, sem nenhuma aptidão para o cargo de cuidador, responde a uma oportunidade de emprego para cuidar de Phillipe, o tetraplégico milionário. Driss se candidata à vaga só para cumprir formalidade legal e continuar recebendo o auxílio desemprego do governo. O que Driss não imaginava é que justamente sua falta de qualificação seria o fator preponderante para que Phillipe o escolhesse para o cargo.

Então, vocês já podem imaginar de onde vem a maior parte do humor do filme. Sim, justamente das situações cômicas protagonizadas por Driss ao tentar, sem qualquer experiência ou conhecimento técnico, cuidar de um tetraplégico, condição que exige muita atenção e muita perícia da parte de quem cuida. Mas, apesar do humor fácil, direto e escrachado, as situações são inusitadas e muito engraçadas. O humor se aproxima, às vezes, do pastelão, mas é tratado com muito mais classe e naturalidade do que nas produções hollywoodianas do gênero.

Há também muitas situações politicamente incorretas, como a forma com que Driss brinca com a condição física de Phillipe, mas o perdão vem da própria vítima e do tom dado pelo diretor do filme a essas cenas. Desde o começo, vemos dois personagens humanizados, expondo suas virtudes e defeitos, o que nos leva a encarar a tais cenas politicamente incorretas com naturalidade, sem fazer qualquer tipo de julgamento. Entendemos que a relação dos dois se dá nessas bases, e assim os dois se entendem.

Um dos grandes pontos positivos do filme é seu ritmo, que sabe dosar as situações cômicas com algumas mais dramáticas, bem como cenas de ação com os momentos de diálogos, o que segura nossa atenção do começo ao fim da trama. Ponto também para as atuações dos dois protagonistas, que, se não foram brilhantes, cumpriram o seu papel a contento. Driss é um personagem que nos conquista logo nas primeiras cenas, muito por obra da atuação de Omar Sy.

Intocáveis é um filme engraçado, divertido, que nos faz rir, que não quer polemizar, nem discutir problemas, nem passar lição de moral. Somos convidados a acompanhar essa história de amizade e não a refletir sobre ela. E é assim que a obra deve ser encarada.


Ficha Técnica.
Título orginal: Intouchables
França , 2011 - 112 min.
Comédia / Drama
Direção: Olivier Nakache, Eric Toledano
Roteiro: Olivier Nakache, Eric Toledano
Elenco: François Cluzet, Omar Sy, Anne Le Ny, Audrey Fleurot

Trailler


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

DEBAIXO DE ALGUM CÉU



Livro bom, para mim, tem que cumprir alguns requisitos. Eis os principais:

a) Boa história: criativa, empolgante, surpreendente, interessante, coerente e verossímil;
b) Personagens inusitadas, complexas e bens construídas;
c) Narrativa fluida, envolvente e bem articulada;
d) Vocabulário rico;
e) Reflexões interessantes, daquelas que te fazem interromper a leitura e levantar a cabeça para pensar no que o autor escreveu;
f) Boas sacadas.

50 Tons de Cinza e O Alquimista (já resenhados aqui no blog), por exemplo, não cumprem nenhum desses requisitos; considero-os, portanto, livros ruins. Por outro lado, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Crime e Castigo (ainda não resenhados aqui) atendem a todos esses itens com louvor, o que os torna, na minha opinião, excelentes livros. Para descrever minha impressão sobre Debaixo de Algum Céu, resolvi submetê-lo a esse check list. Essa obra foi aprovada em alguns pontos e reprovada em outros.

Antes de detalhar a avaliação, vou falar um pouco mais sobre o livro em questão. Debaixo de Algum Céu, obra do escritor português Nuno Camarneiro, foi o vencedor do Prêmio Leya de 2012, concurso realizado em Portugal pela editora de mesmo nome, que abre oportunidades para romances escritos em língua portuguesa.  A título de curiosidade, um brasileiro foi o vencedor da primeira edição desse prêmio (2008), trata-se de Murilo Carvalho, com o livro O Rastro do Jaguar.

Debaixo de Algum Céu conta a história dos moradores de um edifício localizado em algum ponto do litoral português. Entre os moradores, temos: um jovem solteiro, especialista em informática, em crise moral por conta do trabalho que está realizando; um padre em conflito espiritual; uma viúva, que perdeu o marido recentemente e conta somente com a companhia de um gato; um casal em crise, com uma filha recém-nascida; uma família comum (pai, mãe, uma adolescente e um menino), com problemas comuns; uma mulher sozinha e angustiada por conta de alguns erros que cometeu; um zelador excêntrico.  Esses são os seus principais personagens. O romance relata o que se passa na vida dessas pessoas do dia de Natal até o primeiro dia de um novo ano.

Apresentado o livro e seu conteúdo, vamos ao resultado da minha avaliação, segundo os critérios elencados acima:

a) Reprovado. A história, ou melhor, as várias histórias do livro são coerentes e verossímeis, mas faltam criatividade e surpresa;  e as tais histórias tampouco nos empolgam. Um padre confrontado com desejos carnais é um tema mais do que batido nas artes. A viúva que ainda cultiva adoração pelo marido morto, uma mulher solitária e problemática, um casal em crise e a família padrão desgastada são histórias mais do que comuns. Nenhuma novidade.

b) Reprovado. Como se pode perceber pelo item anterior, as personagens são bem manjadas; algumas são até bem construídas, mas nenhuma é realmente complexa, nem inusitada. A única diferente é David, que tem a tarefa de criar pessoas virtuais para o mundo virtual gerido pela empresa que o contratou. Ele foge do comum, mas também não se destaca. Todas as personagens desse livro me pareceram bem distantes; não consegui me identificar com nenhuma delas; nenhuma delas me emocionou. Talvez pelo fato de contar várias histórias de várias pessoas distintas, o autor não tenha mergulhado profundamente em nenhuma, o que deixou fria a relação leitor/personagem. Ao final, fica a impressão de que não conhecemos ninguém direito.

c) Passa raspando. A narrativa é bem articulada, mas não é fluida e envolvente. Em vários pontos, achei-a meio amarrada.

d) Aprovado. Vocabulário muito bom.

e) Também foi aprovado. O autor nos oferece boas reflexões. Exemplo: "Oito dias são pouco tempo na vida de uma pessoa, mas nascer é só um dia e morrer também. Há alguns maiores e outros que nada importam, há semanas grandes como anos e horas infinitas, o tempo de uma vida é descontínuo e assimétrico." Outro trecho que nos faz para a leitura, levantar a cabeça e pensar: "Nesta história o tempo é medido em medos, um a cada dia, o tempo certo para que homens tremam e mudem." Há pensamentos muito interessantes, só os achei em número excessivo. Em alguns momentos, eles se preocupa mais em filosofar do que contar a história. Parece que ele tem filosofia para tudo, até para um farol na praia. Poderia ter maneirado a mão nesse sentido.

f) Reprovado. Não vi nada diferente, não vi nenhuma lance genial, inusitado ou marcante. 

Enfim, por tudo o que foi dito, não dá para considerar Debaixo de Algum Céu um excelente livro. Diria que é apenas bom. Não chega a ser perda de tempo lê-lo, mas está longe de ser uma obra marcante; não é daquelas que vai ficar na nossa cabeça por algum tempo.